domingo, abril 16, 2006

Blog do meu colega de gabinete no parlamento

Aproveito o dia de Páscoa para por o correio em ordem...entre as "cartas" não respondidas, uma do meu colega de gabinete no parlamento. Rui Miguel Ribeiro de seu nome. Como eu deputado pelo PSD, por Braga, na 9ª Legislatura. Como eu empenhado nos trabalhos parlamentares com seriedade e empenho. Como eu excluído das listas naquela luta selvagem por um lugar em São Bento que percorre os partidos em tempo de eleições. Como a perspectiva era de derrota não houve lugar nem para independentes, nem para gente sem peso político (amizades estratégicas ou forte base eleitoral nas secções ou distritais).
Hoje, vendo o que se passou esta semana na Assembleia, dá-me vontade de rir, mas também de "chorar". De rir porque os critérios empregues na formação das listas, conduziram também a isto: a presença na Assembleia de pessoas totalmente destituídas de interesse e respeito pelos trabalhos parlamentares...
De "chorar" porque é impressionante verificar como ao contrário de outros "empregos", o trabalho e empenho, assiduidade e entusiasmo, não contam para coisissíma nenhuma na formação das listas. Resultado: a vergonha a que assistimos.
Tudo isto a propósito de que o Rui tem agora um Blog: http://rosa-laranja.blogspot.com/ . Visitem-no. Para política externa o seu parecer sempre foi um regalo!

quinta-feira, abril 13, 2006

O Ministro e a Petição do Referendo PMA

No momento em que estão praticamente atingidas as 50 mil assinaturas da Petição a favor de um referendo da Procriação Artificial ( www.referendo-pma.org ) releio o artigo que saiu no Público de 24 de Março e antecipo o momento em que alguém da comunicação social há-de ter a coragem de perguntar ao Ministro da Saúde se continua a considerar irrelevante a opinião dos milhares e milhares de portugueses que participaram na subscrição em referência...
O artigo dizia assim:

Crónica de uma Petição “irrelevante”

São milhares de nomes e números de bilhetes de identidade. Saem dos envelopes, pequenos ou grandes, chegados ao apartado de correios. Muitas folhas, uma só folha. Total ou parcialmente preenchidas. Alguns cheques e uma ou outra nota solta. Um Euro vindo de Bragança. A correspondência que acompanha as folhas de assinaturas é escassa mas variada. Cartões de felicitações e uma extensa carta de um funcionário das finanças reformado. A proveniência é do país inteiro, de Norte a Sul, do Continente às Ilhas. Mal sabem estes milhares de cidadãos que, de acordo com o Ministro da Saúde, o seu esforço é “irrelevante”…

Andaram por cafés e bateram à porta dos vizinhos. No bar da universidade e à porta da Igreja paroquial estiveram a recolher assinaturas. Passaram uma tarde na academia recreativa por entre a mesa de jogo e a de bilhar. Aproveitaram um baptizado do sobrinho e a reunião de pais da secundária. Deixaram uma folha no padeiro e outra na loja dos agricultores. Convocaram uma reunião dos de sempre para planear outra recolha de assinaturas, desta vez, no centro comercial da vila. “O Senhor Prior foi aos da Missa, eu fui aos outros” contava um Presidente de Junta de Freguesia. Tanto tempo dispendido por uma petição, para o Senhor Ministro, “irrelevante”…

Responder aos jornalistas que perguntam quantas assinaturas temos. Telefonar ao médico ou ao jurista para assegurar a sua presença numa sessão de esclarecimento. Responder no telefone de campanha a dúvidas. Combinar o envio de material de informação. Alguns milhares de cartas para pôr no correio. Duzentos mil folhetos para distribuir. Centenas de folhas de assinaturas que é sempre preciso ter disponíveis. Seleccionar e conferir os textos do site e verificar a sua colocação. Ler a imprensa e comunicar o que sai. Almoços de trabalho na sede e reuniões ao fim da tarde. No fim-de-semana partir para Albergaria, Guarda, Ribatejo, Caldas da Rainha, Loulé e Viana do Castelo. Salas cheias de pessoas desejosas de saber o que se passa. Quanta tarefa, para o Senhor Ministro, “irrelevante”…

O que é o embrião humano? Podem ser criados em laboratórios, sem restrições? Será legítima a “barriga de aluguer”? Pode uma criança ser concebida e nascer sem conhecer o seu pai biológico? Admitimos o comércio de óvulos e de esperma? O embrião humano pode ser usado para experimentação científica? O uso da procriação artificial pode ser só para casais ou também para pares de homossexuais? Deve ser deixado ao critério dos médicos quantos embriões são criados? A decisão sobre estas e outras matérias deve ser deixada à Assembleia da República? Mesmo sem que os partidos nas últimas eleições tenham dito o que tencionavam fazer quando se discutisse esta lei? Quantas questões estas, objecto de uma petição, para o Senhor Ministro, “irrelevante”…

Vejo as folhas de assinaturas empilhadas na mesa de trabalho. Passo o olhar pelos sacos em que se guardam os envelopes onde elas vieram. Espreito os post-it com os contactos e um ou outro cartoon afixado na placa de cortiça. Verifico o carregador do telemóvel e espero que a impressora descarregue o nosso próximo comunicado. E penso se o Ministro da Saúde se dará alguma vez conta do que representa para neste momento 30 mil portugueses, subscritores de uma Petição a favor de um referendo sobre a procriação medicamente assistida, que a sua opinião seja considerada “irrelevante”…
Será que o povo na democracia, para o Senhor Ministro, é irrelevante?

António Pinheiro Torres
Director de Campanha do Referendo da PMA

Aborto, IVG e IMG

Realmente esta gente não sabe mais o que inventar para disfarçar a realidade cruenta e sangrenta do aborto!
No DN de 2 de Abril encontro uma notícia sobre os números do aborto legal (e se é uma confusão quanto ao número dos legais, imagine-se a fiabilidade dos que são dados sobre os clandestinos...) em que aparece a expressão Interrupção Médica da Gravidez (IMG)!!
Já IVG (Interrupção Voluntária da Gravidez) era péssimo. Mas IMG ultrapassa tudo. Não sei se a ideia foi da jornalista (e da chefe desta) ou foi assim mesmo que se chamou o encontro reportado. Em qualquer dos casos é um exemplo clássico de manipulação da linguagem.
Que é tudo, menos inocente.

quinta-feira, abril 06, 2006

A Sorte e a Determinação, artigo de Pedro Afonso (Jorge Sampaio e a vida de duas crianças)

A Sorte e a Determinação

Há cerca de 8 anos, as duas gémeas, Oriana e Andreia terminavam a escola primária. Apesar de ser grande a vontade de prosseguir com os estudos, os seus destinos – por falta de recursos – estavam traçados: iriam trabalhar no campo e nas tarefas domésticas.

O infortúnio era justificado por terem nascido numa família pobre e viverem em Mafómedes, uma pequena aldeia no concelho de Baião. A escola onde poderiam continuar a estudar ficava a cinco quilómetros e não havia dinheiro para os transportes. Porém, a 20 de Janeiro de 1998, tudo mudou. O Presidente da República, o Dr. Jorge Sampaio, visitou o local e sensibilizado com aquela situação, intercedeu. Finalmente, a Câmara Municipal de Baião decidiu assegurar-lhes o transporte e os estudos lá continuaram.

Apesar de o caminho não ter sido fácil, a determinação e esforço tiveram os seus resultados. Actualmente, estudam na Universidade de Coimbra: uma cursa direito e a outra radioterapia.

Este caso faz-nos pensar!...A vida destas raparigas será certamente melhor do que a de seus pais. Contudo, esta mudança foi um golpe de sorte, uma oportunidade que surgiu porque houve um presidente da república que visitou o local e se interessou pelo caso. Se assim não fosse, muito provavelmente, hoje teriam uma vida de miséria e pobreza. Mas acima de tudo, foi uma oportunidade agarrada com esperança, coragem, empenho e muita determinação. Estas são qualidades que devem ser enaltecidas e servirem de exemplo para muitos alunos.

Sabemos, porém, que há uma geração de jovens que fantasia uma vida fácil e assume uma existência hedonista. São jovens mimados, viciados em jogos de computador e em downloads na Internet; passam horas em frente à televisão a consumir telenovelas, não gostam de estudar e raramente se esforçam para terem sucesso nos estudos. Ao mesmo tempo, habituaram-se a exigir dos pais e da sociedade um futuro, para o qual, pouco ou nada fizeram para que fosse melhor.

Estamos assim perante duas realidades que nos entristecem a todos: um país pobre que não cria igualdade de oportunidades e uma geração que acredita que o conforto a riqueza e o progresso se constroem “à sombra da bananeira”.

É uma vergonha para todos sabermos que existem crianças no nosso país, cujo futuro depende da sorte de terem a visita de um político ou do interesse da comunicação social pelo seu caso. Contudo, ao mesmo tempo existem outras crianças que têm todas as condições e apoio no ensino e depois não aproveitam. Mais tarde, hão-de perceber que afinal, o verdadeiro sucesso é aquele que provém do talento, do empenho e do trabalho.

A nossa sociedade é consumista, ambiciosa, mas globalmente ainda pouco instruída. Ora, isto leva a que tenhamos grandes dificuldades em competir num mundo cada vez mais globalizado e exigente; se nada fizermos, aos poucos seremos remetidos não só para um atraso científico e cultural, como ainda para um empobrecimento económico. Apesar das contrariedades, continuamos a sonhar com “castelos no ar” e a reclamar um melhor nível de vida. Talvez por isso é que somos o país europeu que mais investe per capita no Euromilhões. Receio, no entanto, que a fortuna não venha dessa forma!

Tal como sucedeu com as gémeas Oriana e Andreia, para muitos jovens a sorte já terá aparecido nas suas vidas. Mas…infelizmente não a aproveitaram, ou pior ainda, nem tomaram consciência disso!


Pedro Afonso
pedromafonso@netcabo.pt

domingo, abril 02, 2006

Em memória de Terry Schiavo e sobre a frontalidade dos Padres

Todos se recordarão daquele caso, passado nos Estados Unidos, em que uma mulher, Terry Schiavo, foi cruelmente condenada à morte por fome e desidratação, em virtude do estado em que se encontrava e apenas para que o marido pudesse usufruir a apólice de seguro da mesma que lhe deu direito a uma indemnização de um milhão de dólares e viver a sua vidinha ao pé da mulher que entretanto tinha encontrado...(estes factos foram sempre habilmente escondidos na comunicação social portuguesa).
Ao que parece o Padre Frank Pavone (um Padre de referência nos meios prolife dos Estados Unidos) terá chamado assassino ao desgraçado do senhor, o que logo provocou aquele habitual escândalo nos meios progressistas e um patético rasgar das vestes em algum do moderado mainstream católico...
Em resposta a essas reacções, eis o que aconteceu:
Sacerdote de EEUU a Michael Schiavo: Eres un asesino y lo repito otra vez
NUEVA YORK, 28 Mar. 06 (ACI).- El Padre Frank Pavone, Director Nacional de Priests for Life y testigo presencial de las horas finales de Terri Schindler-Schiavo, escribió una carta abierta a Michael Schiavo, esposo de Terri, que leyó a una gran audiencia el día domingo. En ella, el presbítero afirmó que “algunos han pedido que me disculpe por haberte llamado asesino. No sólo no me disculparé sino que lo repito otra vez”.
“Su muerte no fue pacífica, tampoco bella. Si la hubieras visto y te hubieras percatado de lo que hacían sus ojos, sabrías que decir que su agonía fue pacífica es una mentira”, precisó el P. Pavone.
“Esta semana –prosiguió el sacerdote– decenas de millones de estadounidenses recordarán esos agonizantes días del año pasado y se rascarán la cabeza tratando de entender por qué no dejaste que la mamá, papá y hermanos de Terri se ocuparan de ella, como lo habían solicitado. Ellos te ofrecieron, una y otra vez, la opción de dejarlos atenderla sin pedirte nada a ti. Pero no quisiste e insististe en que se detuviera la alimentación de Terri. Ella no tenía una enfermedad terminal. Era simplemente una mujer discapacitada que necesitaba atención extra que tú no querías darle”.
Luego de recordar que en anteriores oportunidades ya le había hablado para que reconsiderase sus decisiones, el P. Pavone destacó que “llamé a su muerte un asesinato y te llamé asesino porque tú sabías –como todos nosotros– que dejar de alimentar a Terri la mataría”.
Asimismo, el presbítero destacó que “su vida estaba en tus manos, pero la arrojaste, con la cooperación voluntaria de abogados y jueces sin corazón como tú. Algunos han pedido que me disculpe contigo por llamarte asesino. No sólo no me disculparé sino que lo repito otra vez. Tu decisión de dejar que Terri se deshidratara fue tu decisión de matarla”. “No importa si era legal. No hay diferencia, fue un asesinato a los ojos de Dios y los de millones de estadounidenses. Tú eres quien nos debe una disculpa”, precisó.
Para el sacerdote, las acciones de Michael Schiavo son “las que nos ofenden” y subrayó que no sólo “mataste a Terri sino que heriste profundamente a su familia, además de haber desgraciado a nuestra nación, traicionado el evangelio de Jesucristo y minado los principios que nos mantienen como una sociedad civilizada”.
“Has ofendido a los que luchan diariamente por atender a sus seres queridos que están muriendo, y que en ocasiones deben tomar la legítima decisión de descontinuar un tratamiento inútil. Los has ofendido al tratar de confundir sus circunstancias con las de Terri. El caso de Terri no tenía que ver con decidir si valía la pena el tratamiento –que a veces debe hacerse– sino que juzgaste que una vida no valía la pena, que nunca es el caso”, anotó.
Finalmente, el P. Pavone exhortó a Michael a “arrepentirse y pedir perdón al Señor, quien tiene la vida de todos nosotros en sus manos”.

Itália, as eleições e o aborto

É impressionante olhar para as eleições em outros países europeus e perceber como as questões civilizacionais estão nas primeiras linhas das agendas dos políticos. Não é como em Portugal onde o centro-direita treme de medo do Dr. Louçã e de falar destas coisas, erradamente convencido de que não é moderno defender a vida, a família e a tradição. Aliás nesse sentido é interessante o artigo de António Pinto Leite neste sábado, no Expresso, e em que este explica que o PSD pode implodir literalmente se não resisitir àtentação de ultrapassar o PS pela esquerda. E que o interessante num momento como este é este partido ser capaz de afirmar a diferença de ideias e cultura que deram origem ao corpo social em que se apoia.
A notícia que transcrevo chegou-me via o Infovitae (uma publicação gratuita electrónica editada na Internet há alguns anos e cuja leitura recomendo vivamente podendo esta ser pedida a Infovitae Infovitae@netcabo.pt ):

Abortion Key Issue in Italian Election
By Terry Vanderheyden
ROME, March 30, 2006 (LifeSiteNews.com) – For the first time in 25 years, Italian politicians have been campaigning for an election with abortion as a key issue.
According to a BBC report, some women are complaining that abortions are becoming increasingly difficult to obtain in the largely Catholic country. One woman told the BBC she had to fly to Spain for a late-term abortion because 10 doctors had turned her down.
A clinic in Bergamo in the Lombardy region even allows a pro-life group to counsel mothers considering abortion. So far in the last five years they say they have saved 25 children. One doctor working at the women’s health centre there told the BBC he has been marginalized because he commits abortions. “I have already been completely marginalised within the unit and now only carry out menial tasks,” he said. His real name was withheld. “The only time I’m allowed into the operating theatre is to carry out abortions.”
Prime Minister Silvio Berlusconi, a pro-lifer, and his centre-right coalition face Romano Prodi’s centre-left coalition on April 9 and 10. One top minister in Berlusconi’s parliament, Rocco Buttiglione, was instrumental in helping Italian prelate, Cardinal Ruini, to boycott an abortion referendum last year.
“We are at a turning point, which is why we won the boycott last year,” said Buttiglione. “Should children be born out of the love between a man and a woman or should we make them into a commodity? The answer [to the latter is] clearly ‘no.’ There is an important change in the mood of the country.”
Pope Benedict XVI commented on the election meanwhile, saying the position of the church on the issues of abortion and same-sex “marriage,” is “non-negotiable.”